Quem não se sente não é filho de boa gente
06/12/2018 14:56:40
O dito popular “quem não se sente não é filho de boa gente”
aplica-se como uma luva ao difícil momento que os Bombeiros Portugueses estão a
viver, desconsiderados e ofendidos pelo Governo, nomeadamente, pelo Ministério
da Administração Interna.
O encontro que realizámos no passado dia 24 na Terreiro do
Paço, em Lisboa, foi prova eloquente do estado de alma dos Bombeiros e da sua
Liga ofendidos pelo jogo que com eles quiseram fazer prometendo ouvi-los
antecipadamente sobre a legislação que viesse a ser produzida e, afinal,
confrontados com a sua aprovação em Conselho de Ministros.
O que faz ressaltar a nossa revolta e indignação.
Estamos ofendidos também em função do conteúdo da nova
legislação que mais parece uma manta de retalhos sem coerência nem sentido,
apenas para satisfazer apetites corporativos de alguns sedentos de poder e na
expectativa de que serão mais um punhado de generais desejosos de ter os
bombeiros como tropas suas.
Assiste-nos o direito de pensar que pretenderam fazer-nos o
“ninho atrás da orelha”. Não sendo essa a intenção, então por que razão não nos
ouviram, não debateram connosco em tempo as propostas que fomos apresentando no
MAI nos últimos três anos.
Trata-se de nos confrontar de uma forma encapotada com a
legislação já pronta e aprovada em Conselho de Ministros, uma atitude ofensiva
e indigna.
A postura que temos assumido com os sucessivos Governos e
outras entidades tem sido sempre a mesma: aberta, franca, determinada,
dialogante, incisiva e rigorosa. Todos esses adjectivos demonstram e
identificam a nossa postura. Na sua vida pessoal cada um terá as suas
convicções, mas nos bombeiros, na Liga dos Bombeiros Portugueses a nossa
determinação é a mesma, traçada pelo ideário que defendemos, no cumprimento de
todas as orientações definidas em conjunto, cujo único objetivo é o de defender
os Bombeiros Portugueses.
O nosso objetivo principal de vida enquanto bombeiros,
comandos e dirigentes não é organizar e realizar manifestações. Direi até que,
pela nossa forma de estar, não é de facto aquilo que desejamos fazer. Mas
perante a indignação e a ofensa que calou bem fundo em todos nós mais nada
restava senão fazê-la.
Tratou-se de uma jornada de grande elevação pela forma como
decorreu, ordeira e cívica, assumido por parte de todos os que nela participaram,
demonstrando que somos gente de paz e de concórdia. Mas também foi uma jornada
de luta, afirmando como nos sabemos organizar, o quanto estamos unidos em torno
de desígnios comuns e o quanto estamos determinados a fazer valer o compromisso
sagrado que temos com os Portugueses.
Irão passar os governantes, irão passar todos aqueles com
que nos relacionamos ao nível do Estado, mas esse compromisso imutável e
inquestionável com os Portugueses irá prosseguir e reforçar-se.
É com base e sustentados nesse compromisso que não temos
dúvida em reafirmar que “quem não se sente não é filho de boa gente”.
Continuaremos a dizê-lo e a demonstrá-lo sempre que os Bombeiros Portugueses o
entenderem fazer.
Perante tudo isto reafirmo os nossos propósitos de manter a defesa
dos nossos princípios e valores, porque somos filhos de Boa Gente.